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Entrevista | Enquanto tiver forças, não me faltará espírito público, afirma Jorge Bornhausen

Por: Marcos Schettini
06/07/2023 14:24 - Atualizado em 06/07/2023 14:29
TCE/SC - 14.02.2023

Aos 85 anos, tendo exercido os cargos de governador de Santa Catarina, ministro da Educação e da Casa Civil, senador, presidente nacional do PFL e embaixador em Portugal, Jorge Konder Bornhausen mantém seu status de oráculo político e continua com a rotina assídua de aconselhar e conversar sobre diversos temas de relevância social com importantes lideranças da República.

Dono de uma rara e fina leitura política, JKB concedeu entrevista exclusiva ao jornalista Marcos Schettini e fez uma análise da atual conjuntura brasileira, tecendo críticas ao ex-presidente Jair Bolsonaro, bem como ao governador Jorginho Mello e ao presidente Lula. Questionado se seu amigo vice-presidente Geraldo Alckmin seria uma espécie de Michel Temer, rechaçou esta hipótese, por enquanto. “O Governo segue a cartilha do PT e ele pouco ou nada influi nas linhas governamentais básicas”, comenta.

Também, falou do projeto de reeleição do prefeito de Florianópolis, Topázio Neto. “Soube com humildade e sabedoria aperfeiçoar a obra iniciada pelo Gean”, aponta. Ainda, reafirmou seu posicionamento a favor do sistema parlamentarista e observa que há dois partidos se preparando, com mais antecedência, para a disputa em Santa Catarina em 2026, o PSD e o PL. Confira:


Marcos Schettini: Passado os seis primeiros meses dos governos Lula e Jorginho Mello, qual sua avaliação?

Jorge Konder Bornhausen: O governador Jorginho perdeu a grande oportunidade de fazer um forte contraste administrativo, com seu fracassado antecessor, nestes primeiros seis meses. Não tendo preparado um plano governamental de ação imediata, seu governo marcou passo. Torço para que encontre, a partir de agora, um caminho objetivo de governança, mas discordo de sua prioridade para ensino superior gratuito, pois entendo que todos os esforços deveriam estar voltados para a melhoria do ensino básico, altamente prejudicado na pandemia, e para um ensino médio moderno, focado na profissionalização do aluno.

O Governo Lula foi decepcionante nestes 6 meses iniciais, sua agenda foi retroativa, procurando inutilizar os grandes avanços obtidos com o Marco do Saneamento, pela privatização da Eletrobrás e pela autonomia do Banco Central. No campo internacional, viajou muito, fez declarações desastradas e perdeu a oportunidade de se destacar com uma agenda ambiental, com base na nossa Amazônia.

Schettini: O ex-presidente Jair Bolsonaro foi declarado inelegível por ataque às urnas eletrônicas e à Democracia. É justo?

JKB: O TSE julgou Bolsonaro, com base na sua própria jurisprudência e o condenou à inelegibilidade. De nada adiantarão os recursos já anunciados e a tentativa de aprovar uma lei de anistia, ele estará fora da eleição de 2026.


Schettini: O Sr. previu, ainda em 2019, que o governo de Jair Bolsonaro seria um desastre. Em que se baseou?

JKB: Na ocasião, meu prognóstico se baseava na sua atuação apagada e longa como parlamentar, na sua saída antecipada do Exército e na sua falta de preparo para o cargo. Hoje afirmo que seu Governo teve altos e baixos. Considero que foram excelentes as atuações de Tereza Cristina (Agricultura) e Tarcísio de Freitas (Infraestrutura). Dou nota zero ao Governo na Saúde, desde que assumiu o General Pazuello, e aos cinco ministros que nada fizeram pela Educação no Brasil. Os ministros Paulo Guedes (Economia) e Bento Albuquerque (Minas e Energia) tiveram atuações razoáveis, os demais foram regulares para fracos. Bolsonaro mostrou que não possuía equilíbrio emocional, teve uma ação negativista e perniciosa na pandemia e conseguiu construir sua derrota.

Schettini: A presença do seu amigo e vice-presidente Geraldo Alckmin na chapa com Lula da Silva, abre quais perspectivas de governo?

JKB: Considero que o Governo segue a cartilha do PT e que o vice Geraldo Alckmin pouco ou nada influi nas linhas governamentais básicas.


Schettini: O vice Geraldo Alckmin seria, em tese, uma espécie de Michel Temer de Lula da Silva?

JKB: Por enquanto não vislumbro esta hipótese.


Schettini: O Sr. sempre foi defensor do ideal de Parlamentarismo. Ainda acredita nesta saída para crises políticas?

JKB: Continuo a defender o Parlamentarismo como um sistema de Governo capaz de absorver as crises institucionais com rapidez, sem a lentidão do Presidencialismo, que provoca também uma crise econômica. O Parlamentarismo precisaria para a sua implantação do voto distrital, que ajuda a diminuição e a sedimentação dos partidos e corrige as distorções corporativas, religiosas e midiáticas hoje existentes, decorrentes principalmente do voto proporcional que adotamos.


Schettini: A eleição de 2022 trouxe a segunda onda bolsonarista que, novamente, elegeu pessoas sem qualquer compromisso político e social. Isso acabou?

JKB: Infelizmente a bipolarização radical, que permeou as eleições presidenciais, teve uma forte e negativa influência, especialmente nos pleitos para o Legislativo.

Schettini: Topázio Neto já conseguiu imprimir seu modo de governo para buscar a reeleição em 2024?

JKB: Topázio Neto sucedeu Gean Loureiro, que foi um excelente prefeito, e soube com humildade e sabedoria aperfeiçoar sua obra. Agora, certamente, está credenciado para ser reeleito.


Schettini: Como serão as eleições municipais? Qual seria o equilíbrio democrático desta disputa?

JKB: As eleições municipais, refletem muito a realidade local, sendo pouco influenciadas pelas interferências federais e estaduais. Vejo dois partidos se preparando, com mais antecedência, para a disputa em Santa Catarina, o PSD e o PL.


Schettini: O Sr. está ativo. Participa de debates, vai às discussões país afora. Senta à mesa com organizações. Qual sua energia?

JKB: Continuo a ter esperanças no Brasil e confio que a mudança geracional ocorrerá em 2026, para que nosso país tome um rumo certo, com mais educação e saúde e com menos diferenças sociais. Enquanto tiver forças, não me faltará espírito público.



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